Por Vanessa Lima
Pais de primeira viagem, privados de sono, e um recém-nascido que acorda com qualquer barulhinho. Parece uma receita perfeita para uma tragédia. Quem se atreveria, por exemplo, a ligar um secador de cabelo, se a criança parece despertar até mesmo com o estalar de um móvel de madeira? A surpresa é que, sim, o barulho do secador pode ajudar o bebê a pegar no sono e a se manter nele por mais tempo. “Algumas mães já brincaram, me dizendo que o secador de cabelos deveria fazer parte do enxoval do bebê”, revela a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em sono infantil e autora do livro Hora de Nanar. Isso porque o barulho do secador pode ser considerado um ruído branco.
“O ruído branco é um som que tem como função esconder barulhos externos”, explica a especialista. São considerados ruídos brancos os sons que são constantes e combinam diferentes frequências, mascarando outros sons, como o barulho do ar condicionado, do aspirador, do ventilador, do rádio quando está chiando entre estações, entre outros. Atualmente, o ruído branco é tão popular para ajudar no sono (não só de bebês, mas de adultos também, viu?), que existem vários aplicativos, playlists e até aparelhos específicos para a reprodução deste tipo de barulho. Alguns modelos de babá eletrônica vêm com a opção de reproduzir ruído branco também.
Mas será que funciona mesmo?
Um estudo pequeno, mas publicado no conceituado periódico científico British Medical Journal (BMJ), mostrou que quando estão em ambientes com ruído branco, recém-nascidos têm maior probabilidade de pegar no sono dentro de cinco minutos e de permanecer dormindo por períodos maiores, enquanto o barulho continuar ligado. Melhor que música para os ouvidos dos pais de bebês que parecem não relaxar nunca.
Mas qual é a explicação? Deborah lembra que, durante o sono, a audição continua em pleno funcionamento – e que isso é uma ferramenta de sobrevivência e, ao longo de anos e anos de evolução, nos permitiu ficar atentos a qualquer perigo, ainda que durante o sono. “Essa característica permite que, diante de algum sinal de alerta, a gente saia do estado de sono profundo. É um estímulo poderoso”, aponta. “A ideia é que o ruído branco abafe esses sons mais fortes e intensos e permita sono de qualidade”, diz a especialista.
Há quem desligue o ruído depois que o bebê dorme e quem prefira deixar ligado. “Eu sempre alerto as famílias que o uso do ruído branco pode se tornar um item de associação com o sono, assim como podem ser os objetos de transição, como uma fraldinha de pano, um ursinho, um cobertor específico”, lembra a neuropsicóloga. Isso significa que, se o bebê tiver um despertar na madrugada e não ouvir o barulho, ele pode ter dificuldade de voltar a dormir. Então, é possível que você tenha de deixá-lo ligado. Aos poucos, dá para ir reduzindo o uso e abaixando o volume.
Cuidado com o volume
Aliás, o volume é um ponto importante, já que também existem estudos apontando que o uso frequente de ruído branco pode prejudicar a audição do bebê. Uma pesquisa, cujo resultado foi publicado na revista Pediatrics, analisou aparelhos de reprodução de ruídos brancos e constatou que alguns deles têm uma potência de volume maior do que o permitido até para adultos. “É preciso ter bom senso”, explica a especialista. Nunca deixe o som muito alto ou o aparelho muito próximo do bebê, para evitar problemas. “Algumas famílias optam por deixar um pouco mais alto (mas não muito!) no início da noite, quando o som da rua ou da casa ainda está intenso, e, conforme o ambiente se acalma, diminuem o ruído branco”, exemplifica Deborah. O importante é testar e ver o que funciona melhor para você e para o seu bebê.
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